sábado, 26 de agosto de 2017

Buscas por desaparecidos no rio Xingu são encerradas e investigação é intensificada

As buscas por desaparecidos no rio Xingu, após o naufrágio da embarcação “Capitão Ribeiro”, foram encerradas, conforme informou o secretário adjunto de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), André Cunha. O órgão informou na noite desta sexta-feira, 25, que o último sobrevivente foi encontrado, contabilizando 29 sobreviventes e 23 mortos.
Os corpos de duas crianças foram as últimas vítimas do naufrágio. Agora os trabalhos seguem para a etapa de rescaldo da operação e continuará o trabalho de investigação.
No início da tarde foi confirmado mais um sobrevivente, Israel da Silva Souza. Após o naufrágio, ele seguiu para Vitória do Xingu onde recebeu atendimento médico e depois foi para Altamira. A partir de então ele foi dado como desaparecido até o início desta tarde quando foi encontrado.
O último sobrevivente encontrado é Francisco Paiva, que foi resgatado por ribeirinhos e seguiu para o município de Uruará, onde foi localizado. 
Sobreviventes, a dona de casa Carla Conceição de Souza, 38 anos, e seu filho Carlysson Souza, de 11 anos, viveram na última terça-feira (22) o pior drama de suas vidas. Eles estavam na embarcação “Capitão Ribeiro”, indo do município de Porto de Moz para Altamira. Após o naufrágio a mãe perdeu o contato com o filho. Minutos depois de gritar na escuridão pelo nome ele reapareceu e os dois sobreviveram. Eles fazem parte do grupo de 28 sobreviventes contabilizados até esta sexta-feira (25). Para atendê-los após o trauma, um grupo de trabalho interdisciplinar foi formado pelo Governo do Estado e Prefeitura de Porto de Moz.
Ela conta que naquela noite tudo começou com um temporal muito forte. “Eu chamei meu filho e pedi para ele colocar o colete, foi quando o barco começou a virar. Eu afundei e quando retornei ele não estava mais do meu lado, foi quando começou o desespero”, recorda.
Depois de muito lutar por sua vida, ela o reencontrou após gritar seu nome no meio da escuridão. “Escutar a voz dele respondendo foi o momento mais maravilhoso da minha vida”,comenta. Os dois, juntos com outros sobreviventes ficaram a deriva em torno de seis horas, até chegarem na margem.
Outro sobrevivente que relembra os momentos de horror é Risinaldo Cardoso, 24 anos. Eu ia a trabalho para Senador José Porfírio e fiquei preso dentro do barco em uma escuridão total. Consegui sair e chegar até o bote e na margem às seis horas da manhã. O momento mais traumático foi o barulho forte que ouvi, parecia que o barco estava partindo”, lembra.
É para estes sobreviventes da tragédia que o grupo de trabalho está sendo formado. “O trabalho a principio foi permitir que estas pessoas extravasassem os sentimentos após o trauma”, explica o psicólogo Ary Georg que participou da linha de ações de assistência às pessoas afetadas pela tragédia. Ele explica que o choro após a situação pode trazer benefícios, pois exterioriza os sentimentos negativos. “Após ele retornar ao juízo de realidade deverá passar por um processo de avaliação e pode ser encaminhado a tratamento psicológico, pois está suscetível a desenvolver um estado depressivo, por exemplo”, comenta.
A secretária de estado de Trabalho e Assistência Social, Ana Cunha, que coordena através da Seaster, o grupo de trabalho de apoio aos sobreviventes e familiares de vítimas do naufrágio, explica que os cuidados devem ser iniciados logo depois de encerradas as buscas. “O estado está tomando cuidado para atender todas as demandas que posteriormente podem vir a afetar estas pessoas que passaram por um momento tão delicado”, ressalta a titular da Seaster, ao explicar também que está incluso neste atendimento a regularização da documentação perdida pelos sobreviventes.
Por Márcio Flexa