quarta-feira, 18 de junho de 2014

Operários de Belo Monte pagam prostitutas com vale alimentação

Pesquisa da UFPA mostrou que prática também acarreta na exploração de crianças e adolescentes
Embora a prostituição ocorra abertamente nas boates de Altamira, a exploração de menores de idade costuma ser camuflada
Estudo da Universidade Federal do Pará, financiado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, mostra que operários da obra da hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, no Pará, pagam prostitutas com vale-alimentação. A prática, de acordo com a pesquisa, também acarreta a exploração de crianças e de adolescentes. No domingo passado, o jornal Folha de S. Paulo publicou que, de acordo com o estudo, Belo Monte atrai índios da região para o circuito de exploração sexual em Altamira, a 900 km de Belém, a mais impactada pela construção da usina. Depoimentos obtidos pelos pesquisadores da UFPA apontam que os operários da obra usam até vale-alimentação para pagar por sexo.
Embora a prostituição ocorra abertamente nas boates de Altamira, a exploração de menores de idade costuma ser camuflada, pois elas geralmente não têm permissão para trabalhar nesses locais.
De acordo com a pesquisa, donos de casas noturnas também fornecem telefones de adolescentes. Várias delas fazem ainda ponto em outros locais. Nas rondas feitas pela equipe do projeto, foram encontradas adolescentes em duas casas, “porém, sem a possibilidade de saber se elas estavam trabalhando nas boates ou ‘fazendo ponto’ em frente delas”, diz o relatório.
Ainda segundo o estudo, tanto operários da obra como funcionários de alto escalão estão envolvidos na exploração sexual. Uma das conselheiras tutelares de Altamira encontrou em uma residência grande, com piscina e churrasqueira, três adolescentes e duas mulheres, todas em trajes de banho, com quatro homens. Segundo ela, tratavam-se de altos funcionários de Belo Monte.
A obra da usina tem em torno de 25 mil operários, que incharam o município de 99 mil habitantes. Funcionários dizem que buscam os serviços por ficar muito tempo longe de suas famílias e por causa da intensa rotina de trabalho.
A pesquisa analisou casos registrados nas instituições públicas e ouviu moradores de Altamira, em especial, taxistas. Em abril, os pesquisadores firmaram um pacto com Belo Monte para o enfrentamento da violência sexual.
Norte Energia orienta operários
De acordo com a empresa responsável por Belo Monte, Norte Energia, houve redução de 33% na violência contra crianças e adolescentes em Altamira, segundo dados do Conselho Tutelar. A empresa afirma, ainda, que tem ajudado a enfrentar o problema por meio de ações educativas, como palestras, e doações de equipamentos a órgãos de segurança pública e assistência social.
Já o Consórcio Construtor de Belo Monte, contratado pela Norte Energia para a obra, assegura que reduziu o intervalo das visitas dos trabalhadores às famílias e que faz campanhas contra exploração sexual de menores de idade, inclusive com seus operários. Fonte: O LIberal