sexta-feira, 31 de julho de 2009

Projeto de extração de óleos naturais cresce e mobiliza comunidade em Uruará

A ampla biodiversidade de Uruará, no Pará, tem gerado oportunidades e renda para 51 famílias do município. Elas participam do Projeto "Sementes da Floresta", iniciado em 2007 pela Associação Cultura Franciscana (ACF - http://www.acf.org.br/) para promover a extração sustentável de óleos de sementes de árvores nativas da região, como cupuaçu, andiroba, babaçu, entre outras. Com apoio de diversas entidades locais, o Projeto já viabilizou a produção de centenas de litros de óleos, destinados à elaboração de sabonetes, máscaras capilares, hidratantes labiais, além do uso in natura e que, até agora, garantiram um retorno que deve promover a autonomia econômica dessa atividade em aproximadamente três anos.
"Atualmente, o Projeto está em fase de implantação avançada. Buscamos novas parcerias para ampliar o número de equipamentos e organizar as famílias envolvidas na ação", explica Maria Lucia dos Santos, representante do setor social da ACF. Entre as instituições que já apóiam a iniciativa estão organizações governamentais, religiosas, sindicatos e empresas, como Secretaria de Agricultura do Estado do Pará; Cáritas Brasileira, Cáritas Regional Norte II Congregação dos Missionários do Sangue de Cristo, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Uruará, Empresa Naturais da Amazônia e Rotary Club Innsbruck - Alpin. A estrutura do Projeto "Sementes da Floresta" iniciou seu trabalho com a implantação de duas miniusinas, equipadas cada uma, com duas secadeiras, uma trituradora e duas quebradeiras, que compõem um conjunto capaz de secar, cortar e quebrar os invólucros das sementes mais duras, triturar e comprimir as amêndoas para extrair os óleos contidos nelas. A expectativa da ACF é instalar os equipamentos em mais cinco comunidades do município, beneficiando cerca de 200 novas famílias. Além de óleos de sementes, cuja produção é vendida para a empresa Naturais da Amazônia, outros itens são produzidos a partir da matéria-prima nativa da região, como o mesocarpo do babaçu (produto alimentício com alto valor nutritivo, utilizado inclusive no tratamento da osteoporose e desnutrição), a farinha de castanha e o sabão de óleo de babaçu. Tais produtos destinam-se ao comércio local, para fortalecer a economia daquele Município.
Em 2009 ocorreu a segunda coleta de sementes, gerando recursos financeiros que devem crescer até a autonomia do grupo produtor, também responsável pela gestão do Projeto. Do valor arrecadado, 10% são transferidos para o Fundo Rotativo Solidário, que subsidia as necessidades dos participantes a partir de prioridades estabelecidas por eles próprios. As decisões são deliberadas por um Conselho Gestor, formado por dois representantes de cada uma das sete comunidades e um integrante da ACF. "No momento, também trabalhamos para formar uma secretaria, que funcionará em espaço cedido pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade e na preparação de um site para divulgar o Projeto", finaliza Maria Lucia. ImplantaçãoO Projeto "Sementes da Floresta" foi implantado a partir da realização de treinamentos para os participantes. Na ocasião, os moradores aprenderam a operar as máquinas que extraem os óleos contidos nas sementes de cupuaçu, andiroba, babaçu e outras árvores nativas da região amazônica, além da extração do óleo de copaíba, que ocorre a partir da utilização de uma técnica parecida com a extração do látex, pois nesse caso, o óleo é extraído da própria árvore, o que requer cuidado e técnica para não afetá-la. Nos treinamentos, os integrantes também foram capacitados para selecionar e secar as sementes, de modo a garantir o maior grau possível de pureza dos óleos extraídos. As famílias aprenderam ainda a aproveitar os subprodutos, como os bagaços, que podem ser utilizados como adubo e fontes de energia para combustão. Além de operar máquinas e lidar com sementes, o projeto faz com que os moradores de Uruará conheçam melhor a biodiversidade da região. Durante as formações, as comunidades identificam e fazem o inventário das diferentes espécies de sementes e árvores, que ultrapassam a marca dos milhares na área do município: cupuaçu (8.100 árvores), andiroba (31.110 árvores) e babaçu (19.700 árvores) são algumas das variedades encontradas na região. UruaráDe acordo com dados do IBGE, a população de Uruará é de 59.881 habitantes. O município é cortado pela Rodovia Transamazônica e possui mais de 10 mil km2 de área. As principais atividades econômicas desenvolvidas são a extração de madeira, criação de gado, cultivo de cacau, café, pimenta do reino, arroz e lavoura branca para subsistência, o que requer projetos alternativos a estas práticas que muitas vezes desmatam a região da floresta.. CFA Congregação das Irmãs Franciscanas de Ingolstadt estabeleceu-se no Brasil em 1938. Atendendo a preceitos legais, foi registrada, em 1942, como Sociedade Cultura Franciscana e, finalmente em 2003, com a reforma do Estatuto passou a ser denominada Associação Cultura Franciscana - ACF. O trabalho educacional da entidade compreende educação regular em colégios pagos e colégios gratuitos. Os colégios pagos estão localizados em São Paulo/SP (Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida - o 'Consa'); São Miguel do Iguaçu/PR (Colégio Franciscano Nossa Senhora de Fátima) e Ponta Grossa/PR (Colégio São Francisco). Os colégios gratuitos estão em Embu-Guaçu/SP (Colégio Franciscano Santa Clara); Baependi (Colégio Franciscano Santo Inácio) e em São Paulo/SP (Colégio Franciscano Santa Isabel). As ações sociais das entidades mantidas pela ACF também incluem o atendimento a crianças em situação de vulnerabilidade em dois Centros Franciscanos de Acolhimento, localizados na Capital Paulista. Ainda faz parte das unidades da ACF, os Centros Comunitários que prestam atendimento às famílias vulneráveis e o Centro Franciscano de Cultura, Esporte e Lazer (Celfran), espaço destinado à prática de atividades físicas, na Capital de São Paulo.