quinta-feira, 12 de abril de 2018

PF desarticula quadrilha e prende ex-prefeito de Oeiras do Pará

A operação Colinas de Rocha, que é a segunda 
etapa da operação Olho de Tandera, iniciada em 2017.
A Polícia Federal (PF) deflagrou, hoje (11) pela manhã, a operação Colinas de Rocha, que é a segunda etapa da operação Olho de Tandera, iniciada em setembro de 2017, no Pará. A atual fase teve como objetivo desarticular um grupo empresarial criminoso que atuava no mercado financeiro e deixou o rombo de R$ 14.865 milhões, a partir de apropriação indébita do Fundo de Previdência dos Servidores Municipais de Oeiras do Pará, na ilha do Marajó, no Estado. A quantia equivale a mais da metade dos recursos do Instituto. Um ex-prefeito do município está entre os presos.
Na operação Colinas de Rocha foram expedidos dez mandados de prisão preventiva e 17 mandados de busca e apreensão nos estados do Pará, Amapá, Tocantins e Santa Catarina. O resultado foram nove prisões foram cumpridas e todas as buscas realizadas. Segundo o delegado Rômulo Rodovalho Gomes, diretor regional de Combate ao Crime Organizado da PF no Pará, somente no Estado foram feitas cinco prisões: três delas em Oeiras, uma em Marituba e outra em Belém. Além disso, duas prisões ocorreram no Amapá e duas no Tocantins. 
Deles, cinco acusados foram trazidos e eram ouvidos na Superintendência da PF, no bairro do Souza, em Belém. Entre eles estavam um ex-prefeito de Oeiras, um ex-gestor do Fundo e empresários. 
A Polícia Federal preferiu não revelar os nomes das nove pessoas presas, mas informou que já está configurada a participação delas no crime. Mais seis pessoas estavam na Polícia Federal e devem ser ouvidas ainda hoje. Elas podem ter alguma relação com os crimes. 
"Deflagramos essa fase porque na primeira etapa da operação juntamos bastante documentos e aparecerem algumas pessoas que continuaram a serem investigadas. Então, agora buscamos documentos específicos de mais seis pessoas que possam estar envolvidas nesse esquema criminoso. Essas seis pessoas são pessoas ligadas à empresa e pessoas que possivelmente receberam parte do dinheiro que sumiu", explicou o delegado Gomes. 
O delegado Ivan Lauzid, da Delegacia de Combate aos Crimes de Financeiros da PF do Pará, explicou como funcionava o esquema criminoso, ocorrido entre os anos de 2014 e 2016 e deixou rombo de R$ 14.865 milhões no Fundo de Previdência dos Servidores Municipais de Oeiras. 
"Havia uma empresa que atuava no mercado financeiro, mas sem autorização dos órgãos federais competentes. Ela firmou contrato com o Fundo de Previdência dos Servidores Municipais de Oeiras, no entanto, sem autorização, começou a gerir o dinheiro no Fundo em nome da própria empresa, o que já está errado. Existia um contrato com objeto de assessoria, mas não abarcava a gestão do recurso em si, porque assessoria é uma coisa e gerir o recurso de um instituto é outra coisa e pegar esse dinheiro para aplicar no mercado financeiro", disse. 
Assim, "o Instituto transferiu para essa empresa e para outra empresa ligada à contratada o valor de R$ 14,865 milhões, que é o dano potencial. Esse desvio é um dinheiro que certamente vai fazer falta para o pagamento dos pensionistas dos servidores que venham se aposentar no futuro", afirmou o delegado Lauzid. 
Os envolvidos vão responder por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, crimes previstos no Código Penal Brasileiro. Depois dos procedimentos na PF, elas serão encaminhadas ao Sistema Prisional e ficarão disposição da Justiça Federal. A operação foi batizada com o nome do quarto ciclo do Inferno de Dante, que corresponde ao local onde se encontram os gananciosos, pródigos e avarentos.
*Com informações da repórter Cleide Magalhães, de O Liberal.