quarta-feira, 16 de março de 2011

Belo Monte: prefeitos cobram compensação

Um dia depois do protesto de dezenas de pescadores contrários à instalação da Usina de Belo Monte no rio Xingu, ontem foi a vez dos prefeitos da região exporem suas preocupações com o projeto, que resultará na construção da maior hidrelétrica brasileira e a terceira maior do mundo, com capacidade para gerar 11,2 mil megawatts de energia. Os gestores da região do Xingu se encontraram no Seminário Regional para o Desenvolvimento Integrado, promovido pela Federação das Associações de Municípios (Famep), em Altamira.
Na programação, estava prevista a participação de Carlos Nascimento, presidente da Norte Energia, responsável pelas obras das condicionantes ambientais de Belo Monte, mas ele não compareceu ao evento. Alegou que foi chamado para uma reunião de última hora, em Brasília, com investidores da empresa, afetados pelos desdobramentos da tragédia no Japão, onde também teriam investimentos.
Apesar de terem frustrada a expectativa de um encontro com o executivo da Norte Energia, os prefeitos aproveitaram o seminário para destacar os problemas que já estão sendo gerados com o início do projeto, pela não execução das obras condicionantes à pré-instalação da usina.
“Somos a favor da usina, mas não adianta começar a obra sem a empresa garantir melhorias nos municípios. A população já está aumentando na região, mas se alguém adoecer, vai se tratar onde, se não temos hospital nem para atender a demanda já existente?”, questionou Maria de Fátima Moreira, prefeita de Brasil Novo, um dos onze municípios na área de influência da usina. Os demais são Altamira, Anapu, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu
Inquiridos pelo presidente da Famep, o prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho, somente três dos dez prefeitos presentes (Rosibergue Campos, de Porto de Moz, não pode comparecer) responderam positivamente sobre o início de obras em seus municípios como contrapartida da usina: Altamira, Anapu e Vitória do Xingu.
“A Famep, a Amut e o Consórcio Belo Monte encaminharão à Norte Energia todas as demandas aqui expostas e um pedido para que essas obras iniciem imediatamente em todos os municípios, pois as demandas e os problemas alcançam a todos indistintamente”, disse Helder Barbalho. Ele aproveitou a ocasião para dizer que era a hora de lutar pela pavimentação da Transamazônica. “Temos que aproveitar o embalo, pois como fazer Belo Monte se não há nem acesso garantido à região?”.
O secretário estadual de Transportes, Francisco Chagas Melo, esteve presente à reunião.
“Além das condicionantes, é sempre bom lembrar que há uma lei federal que assegura a realização dessas obras. Se pensam que vamos ficar ‘batendo lata’, estão enganados. Vamos cobrar da empresa o que é dever dela”, afirmou o presidente da Amut e do Consórcio Belo Monte, o prefeito de Uruará, Eraldo Sorge.
OS PREFEITOS
Participaram da reunião os prefeitos Odileida Sampaio, de Altamira; Ivo Muller, de Medicilândia; Edmir Silva, de Pacajá; Maxweel Brandão, de Placas; Cleto da Silva, de Senador José Porfírio, Liberalino Neto; de Vitória do Xingu, Manoel Alho, de Gurupá; Laudelino Neto, vice-prefeito de Anapu, representando o prefeito Francisco Sousa; Maria de Fátima Moreira, de Brasil Novo; e Eraldo Sorge, de Uruará. (Diário do Pará)