Com aumento na realização de sessões de hemodiálise, pandemia impôs novos desafios ao principal serviço de saúde da região do Xingu
Os impactos causados pelo novo coronavírus continuam refletindo em diversas áreas sociais e econômicas do país e no mundo. O Brasil ultrapassou a marca de 10 milhões de casos confirmados da doença, totalizando mais de 248 mil óbitos até esta quarta-feira, 24.
Em Altamira, no Pará, o principal serviço de saúde na região para o tratamento da Covid-19 tem sido o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT). Com nove meses de atuação no enfrentamento da doença em 2020, o hospital realizou 487 atendimentos de casos suspeitos ou confirmados para o novo coronavírus.
Mantido pelo Governo do Pará e gerenciado pela Pró-Saúde desde 2007, o hospital realizou ainda 342.457 mil atendimentos no ano passado, e alcançou índice de 98% de satisfação dos pacientes.
A direção da unidade reconhece que são esforços diários conduzidos por uma equipe de profissionais com qualidade técnica. No entanto, os desafios são contínuos e necessitam de constante alerta em relação aos protocolos clínicos de segurança.
“O hospital é responsável por lidar com casos graves, é uma batalha diária e cada paciente recuperado é uma vitória gigante diante de um cenário totalmente imprevisível. Hoje, sabendo mais sobre o vírus, ainda temos muitas batalhas para vencer”, ressalta Edson Primo, diretor Hospitalar que há dez anos atua no HRPT.
Antes mesmo do início da pandemia no Brasil, o Regional da Transamazônica foi selecionado pelo Ministério da Saúde e Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) para atender os casos da Covid-19 na região do Xingu.
De acordo com Primo, a unidade adaptou o serviço assistencial e implementou treinamentos específicos junto a sua equipe de profissionais, reforçando protocolos de segurança, além de ampliar o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos colaboradores.
Porém, o HRPT não é um hospital exclusivo para o tratamento da doença. Além dos casos relacionados ao coronavírus, a unidade é referência na assistência aos pacientes que necessitam de atendimento especializado em 20 especialidades.
Com capacidade mensal de 2.036 consultas ambulatoriais e pouco mais de 10 mil exames, o HRPT também oferece assistência em neurologia, gastroenterologia, urologia, traumatologia, pneumologia, ginecologia, cardiologia, pediatria, cirurgia geral, nefrologia, endocrinologia, mastologia, entre outros.
Atendimentos aumentam
Em 2020, o HRPT manteve os atendimentos de média e alta complexidades para nove municípios na região de Xingu, no qual é referência para 500 mil pessoas.
Com a pandemia, o Regional da Transamazônica adaptou o seu ambiente hospitalar e destacou uma equipe de 360 colaboradores para atuação exclusiva aos casos do novo coronavírus. Ao todo, são 30 leitos destinados ao tratamento da doença, sendo 20 leitos de enfermaria e 10 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
A importância desse trabalho também é marcada pelas altas hospitalares, como é o caso da ex-paciente Bruna Vilena, de 31 anos, que após 11 dias de internação, sendo oito deles na UTI, venceu a doença e deixou o hospital aplaudida pelos profissionais de saúde.
“Cuidaram de mim como se eu fosse filha deles. Se hoje eu tenho uma história, eles também fazem parte dela. As enfermeiras me falaram que conversavam e cantavam para mim, enquanto eu estava entubada e sedada”, contou emocionada.
Aumento no tratamento de hemodiálise: Em 2020, o Regional da Transamazônica realizou o atendimento de 114 pacientes com problemas renais e que precisaram passar por sessões regulares de hemodiálise.
Ao todo, foram 17.821 sessões de hemodiálise, um aumento de 8,74% na comparação com 2019, que contabilizou 16.389 procedimentos.
Internações e cirurgias: No ano passado, com os casos de coronavírus (cujos pacientes ficam em alta permanência) e outras enfermidades, o número de internações registrado foi de 3.373. Já em 2019, o hospital realizou 3.544 internações.
Os procedimentos cirúrgicos realizados em 2020 foram 3.801 cirurgias. Em 2019, a unidade registrou 4.091 procedimentos.
Reconhecimento nacional de qualidade
Ainda em 2020, o HRPT conquistou a renovação da certificação ONA 3 Acreditado com Excelência, concedido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). A entidade é responsável pela avaliação da qualidade e segurança dos serviços de saúde em todo o país, promovendo a gestão assistencial e melhorias no cuidado ao paciente.
A certificação foi obtida pela primeira vez em 2016, após a unidade passar por auditoria externa que atestou a qualidade assistencial, segurança e de gestão, garantindo que os processos internos do hospital estão de acordo com as melhores práticas no mundo.
“O reconhecimento obtido pela unidade inclui o Regional do Público da Transamazônica entre os melhores hospitais públicos do país. Com diretrizes de gestão da Pró-Saúde, em conjunto com o trabalho desenvolvido por todos os profissionais do hospital, o nosso objetivo é continua garantindo e ampliando a segurança e qualidade dos atendimentos a toda população do Xingu”, conclui Primo.