A Polícia Civil prendeu 11 pessoas, entre os meses de agosto e setembro, acusadas de envolvimento no esquema fraudes na emissão de carteiras de habilitação no Estado do Pará desarticulado na operação "Galezia", realizada em parceria com o Departamento de Trânsito do Estado (Detran). As prisões fazem parte da segunda etapa da operação deflagrada em 20 de agosto deste ano, em oito cidades do Pará e em Pedro Afonso, no Tocantins. Ao todo, 25 pessoas, entre servidores públicos do Detran, ex-servidores, filhos de servidores, despachantes e donos de autoescolas, são investigados e serão indiciados no inquérito policial.
Foram presas, em cumprimento de mandados de prisão temporária, Alcides Lúcio de Oliveira Filho, Roberval Sirqueira Silva, Gildene Célio Rodrigues, Helcio Bruno Neris de Souza, Alcir Ferreira Quadros, Valtene Pereira dos Santos, Ricardo Pul Pinto, Marcos Além Pereira Cardoso, Angie Valéria Bezerra do Nascimento, Gleize Kauane Ferreira dos Santos e outro preso conhecido como "Tutu". Destes presos, Ricardo Pul é ex-diretor da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Redenção. Angie e Gleize são filhas de servidores do mesmo Ciretran. Já Roberval é dono de uma autoescola em Conceição do Araguaia, sudeste do Pará.
Marcos Além e "Tutu" atuam como despachantes na região. Os demais são servidores públicos dos Ciretrans de Xinguara, Redenção e Paragominas, onde as prisões foram cumpridas. De acordo com o delegado, as investigações prosseguem. Outros quatro acusados permanecem foragidos. A Justiça determinou a prorrogação por mais cinco dias, prorrogáveis por mais cinco dias, do prazo das prisões temporárias decretadas contra as pessoas presas, em 20 de agosto, durante a operação. O Poder Judiciário também determinou o afastamento das funções dos servidores públicos do Departamento Estadual de Trânsito acusados de envolvimento no esquema pelo prazo de até 30 dias.
Foram presos, no dia 20, Cícero Sander Prudente; Alvaro José da Silva e Celeste Nazaré Costa Soares Bezerra; Valdimar Barbosa dos Santos, diretor do Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Redenção; Antônio Divino Barros Amorim, chefe de grupo; Ivan da Badia Ribeiro da Silva, auxiliar administrativo, e José Bonfim Araújo de Sousa, atendente, além dos donos de autoescolas, Dourivan Lopes Corrêa e Cícero Ribeiro Camelo, e ainda a psicóloga Lana Lanucy Bezerra, presa no Estado de Tocantins.
As investigações iniciaram com o levantamento feito pela Corregedoria do Detran, que constatou o número de 28 mil processos de transferências domiciliares de Tocantins ao Pará de pessoas que pediram mudança de jurisdição do documento de habilitação sob alegação de mudança de endereço. Metade dos pedidos verificados era de mudança de endereço para cidades do Sul do Pará, principalmente, Redenção e Xinguara. Todos tiveram os documentos de habilitação expedidos.
ESQUEMA
O esquema tinha início na cidade de Pedro Afonso (TO). Somente dessa cidade, as investigações verificaram que foram recebidos em Ciretrans no sul do Pará, no total, 12,6 mil processos de mudança de jurisdição. A cidade de Pedro Afonso tem 11,6 mil habitantes. Somente em abril deste ano, foram constatados 552 processos de transferência de circunscrição ao Pará. As investigações constataram ainda que, cada processo, era vendido a mil reais e cada carteira de habilitação custava até R$ 3 mil em média. Somente um endereço, na cidade de Xinguara, era citado em 150 processos de mudanças de domicílio. Em Pedro Afonso, cada exame médico e psicológico, que custa R$ 200 saía a R$ 700 no esquema.