Em razão do fechamento de sedes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em várias localidades do Pará e do Brasil, índios de 10 etnias, correspondente a 18 aldeias localizadas na região do Xingu, ocupam a sede da FUNAI, em Altamira, que fica localizada dentro do campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) no município. Os índios estão acampados no local desde a última quinta-feira, quando houve protestos contrários à implantação da hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu. Na manifestação, eles aproveitam também para mostrar repúdio à atitude do presidente do IBAMA, Roberto Messias, em assinar a Licença Prévia para o projeto de construção da barragem.
Ontem, após a chegada de mais representantes das aldeias, o grupo de aproximadamente 150 indígenas decidiu ocupar também o campus da UFPA. Depois de uma reunião com a coordenação do campus Altamira, as aulas e outras atividades foram suspensas. A UFPA tem atualmente 1.200 alunos no município. Até a rua que dá acesso ao campus está interditada. De acordo com o presidente do Conselho Indígena do Xingu, Luís Xipaia, todos estão dispostos a ir até as últimas conseqüências. “Se não houver acordo com o governo, nos próximos dois dias, mais de cinco mil índios estão descendo das aldeias para reforçar os protestos. Nós estamos dispostos a lutar pelos nossos direitos até as últimas conseqüências”.
REESTRUTURAÇÃO
Os dois povos Araras, os Assurinis, Arawetés, Juruna, Kuruaya, Kayapó, Parakanã, Xipaya e Xikrin foram surpreendidos com a publicação do decreto 7.056, de 28 de dezembro de 2009, no qual a presidência da Funai apresenta a proposta de reestruturação do órgão.
De acordo com eles, os serviços prestados pelo FUNAI na região do Xingu são de extrema importância. “Como vamos ficar sem apoio para o que precisamos?”, questionou um cacique Kaiapó. O atendimento à saúde, educação, entre outras necessidades, segundo eles, está comprometido. “Só queremos nossos direitos”, disse Paulo Kuruaia.