O Ministério Público Federal em Altamira abriu procedimento para
investigar o projeto Belo Sun Mining, que pretende instalar, de acordo
com sua própria propaganda, a maior mina de ouro do Brasil na Volta
Grande do Xingu, ao lado do local diretamente impactado pela usina
hidrelétrica de Belo Monte. O projeto está sendo licenciado pela
Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Pará (Sema) e uma audiência
pública foi realizada no último dia 13 de setembro, na cidade de Senador
José Porfírio.A procuradora da República Thais Santi, que
investiga o empreendimento, acompanhou a audiência pública e questionou a
realização de um empreendimento desse porte em uma área já fragilizada
com a instalação da usina de Belo Monte, justamente a região que é
afetada pelo desvio da vazão do Xingu para alimentar as turbinas da
hidrelétrica. “É muito preocupante que o projeto não faça
nenhuma menção à sobreposição de impactos”, disse a procuradora. Thais
Santi também questiona a ausência de informações sobre impactos aos
indígenas. “Simplesmente não há estudos sobre impactos nos indígenas da
Volta Grande ou participação da Funai no licenciamento”, registra. O
secretário paraense de meio ambiente, José Alberto Colares, foi
questionando sobre os estudos do impacto do projeto nas comunidades
indígenas da região da Volta Grande. A realização de uma única audiência
na área urbana de Senador José Porfírio também preocupa o MPF, já que o
empreendimento impactará comunidades ribeirinhas e rurais com
dificuldade de acesso às cidades. A preocupação é partilhada
pela Defensoria Pública do Estado do Pará e pelas comunidades atingidas,
que enviaram documento ao MPF e à Sema solicitando mais audiências.
“Para os membros desta Defensoria e também para os moradores da Ressaca,
Ilha da Fazenda, Galo, Itatá e Ouro Verde, a audiência pública
designada na área urbana de Senador José Porfírio não permitirá a
participação da população residente na área de influência do projeto de
mineração”, diz o documento, assinado pela defensora pública de
Altamira, Andréia Macedo Barreto. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente
concordou em realizar pelo menos mais uma audiência pública. O
MPF também enviou ofício ao diretor do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM), João Bosco Braga, requisitando informações sobre as
licenças de exploração que a empresa Belo Sun Mining Corporation tenha
na região do Xingu. De acordo com o site da empresa, trata-se de um
empreendimento com sede no Canadá e “portfolio” no Brasil. “Belo
Sun Mining está pesquisando ouro ao longo dos cinturões mais ricos em
minério no norte do Brasil, uma região com vasta riqueza mineral e uma
indústria mineradora vibrante e moderna. O Brasil tem uma indústria de
mineração de importância mundial com um potencial de exploração
considerável. O Brasil também tem clima político favorável, com um
código de mineração recentemente modernizado e, apesar destas condições
geológicas, permanece largamente inexplorado”, diz o site da empresa na
internet. Ainda de acordo com o site, a companhia detém os
direitos de pesquisa e lavra em uma área de 1.305 quilômetros quadrados
que é conhecida pela mineração artesanal. É uma das preocupações do MPF,
já que, de acordo com os moradores das ilhas da Volta Grande do Xingu,
eles ainda detém os direitos de lavra na região.
De acordo com a Belo Sun Mining, o potencial de produção de ouro na Volta Grande do Xingu é de 4.684 quilos de ouro por ano.
De acordo com a Belo Sun Mining, o potencial de produção de ouro na Volta Grande do Xingu é de 4.684 quilos de ouro por ano.
Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
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