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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bispo pede que Ibama ouça índios sobre usina no Xingu

São mais de 40 anos vivendo e convivendo com os povos do Xingu, rio que, segundo suas próprias palavras, conheci como a palma da mão. E que ninguém duvide. São muitas andanças, encontros e celebrações ao longo dos qual Dom Erwin Krautler, bispo prelado do Xingu há 30 anos, se irmanou com o rio, suas florestas e seus povos, transformando-se em seu pastor e defensor. Muitas foram suas lutas em prol dos que não tem voz e nem meios para se defender, mas nem toda a dura realidade que este missionário presenciou foi capaz de diminuir a doçura e a suavidade de suas palavras. Na luta contra Belo Monte, Dom Erwin tem sido, assim como para tantas outras lutas, um pilar e uma referência. Em nome dos povos do Xingu escreve aos tomadores de decisão, tentando resgatar-lhes os valores como respeito, bom senso e sensibilidade às coisas da natureza e aos povos indígenas e não indígenas do Xingu, desta vez ameaçados pelo Belo Monstro. Em sua carta datada de 22 de outubro a Roberto Messias, presidente do IBAMA, Dom Erwin pede ao “guardião do Meio Ambiente” que não deixe de ouvir a voz dos povos do Xingu e faz votos de que Messias sempre “tenha a coragem e a força necessárias para tomar as decisões que, realmente e de modo sustentável, favorecem o Brasil e o seu povo”. Se houve resposta, desconhecemos, mas de fato, diante das tantas verdades óbvias expostas na carta, a Messias certamente lhe faltaram palavras. Mais recentemente, em carta intitulada “Morte Projetada”, Dom Erwin em toda sua sabedoria e dignidade escreve ao Presidente da República para “evitar o pior e salvaguardar um último pedaço de paraíso que Deus criou, no Xingu”. Ao chefe da nação, após listar todos os argumentos que fazem de Belo Monte um projeto absurdo, Dom Erwin alerta que Belo Monte “Em vez de progresso trará a morte”. Terá enfim o presidente coragem para dar a resposta sensata que Dom Erwin e todos os povos do Xingu esperam e merecem ouvir?