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segunda-feira, 10 de abril de 2017

100 DIAS DE GOVERNO URUARAENSES – UMA BREVE ANÁLISE

O novo governo assumiu a prefeitura em 1° de janeiro cercado de boas expectativas e esperança de dias melhores. Cem dias se passaram. Aquela euforia longânime continua? 
Me adianto dizendo que esta análise é fruto de diversas horas de conversa com as mais variadas pessoas de todo o município, condensada com a minha visão analítica sobre o todo.
Vamos por partes:
1 – Como era x Como é
É importante começar citando o governo anterior, que iremos nos referir apenas à sigla UPM (Uruará Pode Mais). Para sabermos o quanto um governo é bom ou ruim, devemos comparar com o anterior. Sendo assim, vamos fazer uma rápida lembrança dos 100 primeiros dias do governo UPM. Já durante a posse, todos os secretários foram apresentados. Agricultura, Meio Ambiente, Educação, Selctur (Esporte, Lazer, Cultura e Turismo), Saúde, Administração, Ação Social, Viação e Obras, Tesouraria, além do chefe de gabinete. Já no primeiro mês todas as secretarias estavam funcionando e com a estrutura básica de funcionamento. Inclusive a SEVO já fazia reparos nas ruas da cidade desde o primeiro mês. Os servidores, que já acumulavam salários atrasados de outra gestão, tiveram no governo UPM um corte nos salários já no início. Era perceptível o trabalho nas ruas, campeonatos de futsal acontecendo já em fevereiro, e poucos entraves para começar as aulas. É possível afirmar que, mesmo com alguns entraves, o início de governo preservava a esperança de que dias melhores poderiam finalmente chegar em Uruará. Infelizmente não foi o que aconteceu, como todos sabem o final da história. No entanto, como o que nos interessa são apenas os 100 primeiros dias, pode-se dizer que foi um bom começo.
Voltando ao presente, já na posse do novo governo, que usaremos a sigla NTNF (Nossa Terra, Nosso Futuro), é anunciado o secretariado. Um grande baque é a extinção da Selctur, que seria desmembrada e anexada à secretaria de educação. Balde de água fria nos desportistas. Algumas secretarias começaram o governo sem secretários nomeados, como foi o caso do Meio Ambiente e Agricultura (que completou os cem dias sem secretário).
2 – Situação dos servidores públicos
Faz-se necessário dizer que a Prefeitura Municipal de Uruará conta com ótimos profissionais que estão fazendo um grande esforço para as coisas darem certo em seus setores, mas infelizmente diante da estrutura administrativa que o governo apresenta, ficam engessados e desenvolvem um trabalho aquém do que gostariam. Com um discurso forte pautado no corte de gastos, o governo NTNF iniciou o mês de janeiro reduzindo drasticamente o salário dos servidores. Além da redução do salário, não foi pago nada de gratificação, o que comprometeu bastante a renda dos trabalhadores. Nem o pagamento antecipado, dentro do mês como havia prometido em campanha, foi suficiente para conter a decepção dos servidores. Ouvia-se muito as palavras “preferia receber meu salário com 10 dias de atraso, mas integral, do que adiantado e cortado”. Essas palavras ecoaram também pelo mês de fevereiro e março, onde a história se repetiu, ocasionando na primeira paralisação de servidores em menos de 100 dias de governo. Descontentamento de muitos, alegria de poucos. Gradativamente foram descobertos contratos ostensivos por parte da prefeitura, como mais de 2 milhões de reais no contrato anual de apenas 3 médicos e vários advogados com preços exorbitantes. Soma-se isso ao fato de contratar também funcionários de outras cidades, desprestigiando os do município. Não é à toa que a maior rejeição do governo se encontra dentre os próprios funcionários públicos, chegando a 85%.
3 – Reação popular
O povo sempre dá um tempo para que o governo se organize e comece a mostrar serviço, no entanto, com tantos cortes nas despesas e ruas cada vez mais intrafegáveis, a revolta (ainda em estágio inicial) já começa a ser percebida. Porém, a maior insatisfação popular não é com as condições das ruas, mas com o secretariado municipal. A população é unânime ao falar sobre eles, a frase usada é a mesma “não resolvem nada”. A falta de autonomia dos secretários, além da falta de tino ao tratar as pessoas, tornaram eles os maiores vilões do governo NTNF. Centenas de pessoas falaram comigo nos últimos três meses, nenhuma delas proferiu uma palavra de elogio referente ao secretariado. Entre as maiores reclamações estão: atendimento ruim, pouca atenção dispensada aos problemas dos cidadãos, falta de cortesia, falta de informação. É óbvio que o secretariado representa o prefeito diretamente, sendo assim, logo após as críticas ao secretariado, o prefeito entra na linha de frente das reclamações. Tudo acaba recaindo sobre ele, no final ele acaba dividindo a culpa. A rejeição do governo entre os populares é menor, fica em 75%. Menor, mas não menos preocupante.
4 – Situação do governo
O governo ainda não mostrou a que veio, está perdido nos números, não consegue definir um modelo de gestão a ser seguido. Não se comunica com o povo, está afastado das massas, não é bom para o servidor. Tantos pontos negativos lhe renderam o infame título de “PIOR INÍCIO DE GOVERNO DA HISTÓRIA DE URUARÁ”. É um título que não pode mais ser revertido, o início já foi, agora o que resta é tentar encontrar uma identidade própria e sedimentar uma gestão popular. O slogan do governo não pegou, soou indiferente, sem carisma, sem sentido para o povo. Sumariamente ignorado, o slogan do governo representa claramente como ele tem sido até agora.
5 – Pode melhorar?
Sim, pode melhorar. Assim que o governo definir estrategicamente sua forma de gestão, valorizar o diálogo com os servidores e população, estabelecer as metas executáveis e sair do ostracismo ao qual está confinado, as coisas ganharão um rumo diferente. Em direção a luz. Quem sabe até reavivar o sentimento de esperança de dias melhores. No entanto, isso só vai acontecer quando uma atitude forte for tomada, e essa atitude é uma reforma no secretariado. Essa ação é uma demonstração do governo de que agora quer acertar, e acertar colocando nomes que farão diferença, que irão acertar onde os outros tem errado até agora. Se insistir no erro, não há mais volta. O prazo máximo para isso acontecer é até o final do primeiro semestre de 2017. Caso contrário, ficará claro ao povo que não há intenção de se fazer uma gestão compromissada e de acordo aos interesses populares. Está nas mãos do governo, o povo já disse o que quer.
Consultor Político