A recente operação “Cupinzeiro”, que na última terça-feira (12) desarticulou um esquema de transporte ilegal de madeira em rodovias que cortam o Pará, Maranhão, Sergipe e Piauí (leia mais), pode ter desdobramentos. O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) planejam intensificar operações conjuntas para coibir a prática de delitos ao longo de estradas federais e prevenir prejuízos aos cofres públicos e ao meio ambiente.
A proposta é agregar as habilidades de investigação do MPPA, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ao conhecimento das fiscalizações de campo dos policiais rodoviários federais. Esta parceria já ocorreu durante a operação “Cupinzeiro”, que resultou na prisão de policiais rodoviários federais, madeireiros, fiscais fazendários e de meio ambiente e transportadores de madeira. O Gaeco fez, desde 2015, serviços de inteligência que produziram importantes provas para o procedimento administrativo da PRF. Os policiais presos sob suspeita de facilitar o transporte de madeira ilegal podem até ser expulsos da instituição.
“Os resultados desta operação mostram como investigações conduzidas pelo Gaeco podem produzir benefícios à sociedade”, disse o procurador-geral de Justiça, Marcos Neves, durante encontro com o corregedor-geral da PRF, João Carlos Alcalde. Eles se reuniram nesta quarta-feira (13), na sede do MPPA em Belém, para avaliar os resultados da operação “Cupinzeiro” e definir novas ações conjuntas. Participaram também servidores do Ministério Público que integram a equipe do Gaeco.
O MPPA e a PRF possuem um termo de cooperação que prevê a atuação do Ministério Público no planejamento de operações e investigações em apoio à Polícia Rodoviária Federal. Em caso de suspeitas de delitos cometidos por policiais rodoviários federais ou outras irregularidades registradas ao longo de rodovias federais em território paraense, o Gaeco e outras unidades do MPPA podem ser acionados para apoiar o processo investigativo. Segundo Marcos Neves, a parceria deve servir para a realização de trabalhos preventivos, que possam evitar crimes cometidos por agentes públicos. “A repressão é importante. A descoberta de esquemas ilícitos inibe que outros agentes se contaminem”.
“Faz diferença ter parceiros como o Ministério Público, capazes de produzir boas provas. O MP fortalece as nossas ações. Essa parceria permite o desmonte de esquemas mais elaborados, esquemas que envolvem diferentes pessoas, desde o policial até o empresário”, comentou João Carlos Alcalde.
De acordo com o corregedor-geral da PRF, novas operações podem ser deflagradas no Pará e ter ramificações por outros estados.