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quarta-feira, 6 de março de 2013

Denúncia aponta conivência entre Polícia e tráfico de mulheres

Depoimento de Conselheira Tutelar à CPI acusa Polícia de agir com “passividade”
O esperado depoimento da mãe da adolescente explorada sexualmente em uma boate que funcionava perto do canteiro de obras da Usina de Belo Monte, próximo a Altamira, no Pará, foi adiado para a próxima semana. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes da Câmara dos Deputados informou que Maribel Correa, não veio a Brasília por medo de sofrer retaliações por parte das outras pessoas da quadrilha que ainda não foram presas. No lugar dela prestou depoimento a conselheira tutelar Lucenilda Lima, que recebeu a denúncia de que 10 mulheres, uma adolescente e um travesti estariam sendo explorados na boate. A conselheira disse que os casos de abuso sexual em Altamira aumentaram em consequência do crescimento do município, que passou de 90 para 200 mil habitantes “sem que houvesse uma preocupação do governo em garantir infraestrutura para os migrantes”. Lucenilda acusou a polícia local de agir com “passividade”. “Eles sabiam do funcionamento da boate e não tomaram nenhuma providência”. Para Lucenilda, a conivência da polícia é que permite o funcionamento dessas boates. Até agora, segundo ela, foram fechadas cinco boates que funcionavam de maneira similar. A maioria das mulheres veio de outros estados e foi transportada de avião, contraindo uma dívida que não conseguia ser paga. Lucenilda pediu mais responsabilidade das autoridades para que a situação seja resolvida. “O dono da boate, a esposa, o filho e o capataz estão presos em Belém”, ressaltou a conselheira. Ela informou ainda que “uma agenciadora, de nome Glacy está foragida e é uma das peças chave da quadrilha porque foi quem buscou a menor no Rio Grande do Sul e providenciou seu transporte até Altamira.” A conselheira disse que o Conselho Tutelar de Altamira atende atualmente 40 pessoas por dia. “Antes da construção da hidrelétrica de Belo Monte eram 15 atendimentos. “ Lucenilda Lima afirmou que a infraestrutura no município está precária, não há escolas ou hospitais capazes de atender a demanda da população atual, que é o dobro do que era há alguns anos. A violência no trânsito lota os hospitais, e o Conselho Tutelar agora trabalha sob a proteção da guarda municipal. Disse também que, se os governos federal, estadual e municipal tivessem se organizado, a situação da cidade não estaria tão caótica. Para ela, se nada for feito, a situação vai ficar ainda pior.
OUTRO DEPOIMENTO
Também prestou depoimento à CPI a coordenadora geral da Ouvidoria da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Irina Karla Bacci. Ela disse que a Secretaria está trabalhando no fortalecimento da proteção aos direitos humanos no Pará. Irina acompanhou o processo de retorno das mulheres e adolescentes para casa. A adolescente que fugiu e voltou ao Rio Grande do Sul recusou a proteção do Proteja porque ela e a mãe afirmaram que não estavam se sentindo ameaçadas. Para Irina, o Conselho Tutelar de Altamira deve ser fortalecido porque é a principal porta de entrada de denúncias e de acolhimento dos adolescentes que estão sofrendo qualquer tipo de exploração. Na próxima semana membros da CPI devem visitar o Pará. Fonte: Diário do Pará