A Polícia Civil desarticulou, na noite de ontem, uma casa de prostituição que funcionava por meio de um esquema de tráfico interno de pessoas para exploração sexual, na zona rural de Vitória do Xingu, oeste do Pará. No local, cinco pessoas eram mantidas em cárcere privado – uma travesti, três mulheres adultas e uma adolescente – todas da região Sul do Brasil. O gerente e um funcionário do local foram presos em flagrante e encaminhados para a sede da Superintendência da Polícia Civil na Região do Xingu, em Altamira, para lavratura dos procedimentos policiais. O crime foi denunciado por uma adolescente de 16 anos, que fugiu ontem (13) do estabelecimento. A prática criminosa foi confirmada, por volta de 22 horas, durante operação policial deflagrada pela Polícia Civil sob a coordenação do superintendente regional, delegado Cristiano Marcelo do Nascimento.A denúncia foi apresentada à Polícia Civil por meio de representantes do Conselho Tutelar de Altamira procurados pela adolescente. A conselheira tutelar Lucenilda Lima foi procurada pela jovem, uma gaúcha nascida em Maraú, no Estado do Rio Grande do Sul. A garota denunciou que foi trazida do Estado de origem para o Pará, por um homem, há uma semana, sob a promessa de trabalhar em uma boate, onde ganharia R$ 14 mil por semana. Mas, ao chegar ao Pará, a situação eram bem diferente. Ela foi levada para a zona rural do município de Vitória do Xingu, onde ficou levada ao prostíbulo, situado no interior de um sítio, na localidade de Vila São Francisco, localizada a uma distância de 20 quilômetros de dois canteiros de obras - “Pimental” e “Canais e Diques” -, da Hidrelétrica de Belo Monte.A jovem relatou que, nesse local, foi forçada a se prostituir e mantida o tempo todo trancada em um quarto. A vítima contou ainda que era ameaçada pelo dono da boate, conhecido como Adão, que também seria oriundo do Rio Grande do Sul. Segundo ela, havia no local outras mulheres que estariam na mesma situação. A jovem relatou também que as pessoas não eram alimentadas e, o tempo todo, eram vigiadas por capangas e obrigadas a fazer programas para cobrir as dívidas com o dono da boate pelas despesas com a viagem do sul do país para o Pará. A jovem revelou que trabalhadores da obra de Belo Monte eram os principais clientes da casa de prostituição. A adolescente conta que conseguiu fugir ontem da boate e, com por meio de carona, foi levada até Altamira para denunciar o crime.Com base nas informações, a Polícia Civil formou uma equipe policial para apurar a denúncia. Composta pelo delegado Rodrigo Spessatto e investigadores Alessandro Diniz, Martha Farias de Lins, Arlen Maciel e Henrique Alves, a equipe da Superintendência Regional de Altamira seguiu, ontem, até a localidade, na zona rural de Vitória do Xingu, juntamente com a vítima e os conselheiros tutelares Josevam e Lucenilda Lima. Ali, os policiais civis constataram a veracidade das denúncias. “Percebemos que os quartos onde ficavam alojadas as mulheres possuíam trancas pelo lado de fora. Os policiais encontraram outras três mulheres e uma travesti que também estavam sendo exploradas sexualmente no local. Todas com maioridade e vindas de Estados da Região Sul do país”, explica o delegado Cristiano Nascimento. No momento da chegada, o dono da boate, de prenome Adão, fugiu do local, mas, conforme o delegado, a Polícia Civil vai representar junto ao Poder Judiciário pela prisão do acusado.No local, foram presos em flagrante os gaúchos Carlos Fabrício Pinheiro, 33 anos, de Cruz Alta (RS), e Adriano Cansan, 20, de Nova Roma do Sul (RS), responsáveis pelo gerenciamento do estabelecimento. Um atuava como gerente e o outro, segundo os relatos, trabalhava como garçom. Porém, o segundo acusado também agia como um gerente, pois era o responsável em trancar os quartos, onde dormiam as vítimas. Foram resgatadas três mulheres naturais de Santa Catarina com idades de 18, 21 e 23 anos, e uma travesti paranaense de 20 anos, nascida em Pinhão (PR). O procedimento foi lavrado pelo delegado Lindoval Borges, titular do município de Vitória do Xingu, na sede da Polícia Civil em Altamira, responsável pela atuação dos acusados.Os presos foram enquadrados no Código Penal Brasileiro, nos artigos 231-A, por tráfico de pessoas para exploração sexual; 218-B, por submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual pessoa menor de 18 anos; 228, por induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual; 229 por manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, visando lucro, ou por mediação direta do proprietário ou gerente, e 230, por tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente dos lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem exerça a prática ilegal. As vítimas, segundo explica o delegado, serão devolvidas aos familiares em seus Estados de origem. Já a casa de prostituição foi desativada. Com Informações PC-Pa. Imagens: Carlos Calaça