Vocês já viram a palestra, em vídeo, da escritora nigeriana Chimamanda Adichie? Ela trata de poder e estereótipos e, como o nome indica, sobre o perigo de uma única história. Não que seja mentira, mas elas se tornam incompletas. Insistir somente em histórias negativas é superficializar e negligenciar outras. Aprendi que o jornalista tem que ouvir os dois lados, mas acredito em mais. Creio que devemos tentar ouvir todos os lados. O que vimos esta semana, naquela emissora que se acha dona da expertise em comunicação, foi o reflexo de não se atentar a duas premissas: repórter e os lados da matéria. Mostrar a linda Altamira – sim, linda! -, do jeito que foi exibido não foi totalmente correto e, principalmente, aceito por nós, moradores nascidos ou não aqui na cidade. Pontuar aspectos que causaram pânico (sim!) nos parentes de trabalhadores daqui não foi mostrar a realidade. Falar de coisas que existem, não só aqui, como se fosse “típico” dessa região, foi deprimente, triste. Talvez o problema social, econômico, educacional ou qualquer outra área seja decorrente da inércia que os governos em qualquer uma das esferas conseguiram deixar por aqui. Porém, o roteiro do programa que se propunha a mostrar o contraste entre duas cidades tinha tudo para ser mais aproveitado. Comecei citando o jornalismo e uma romancista africana. Tudo para deixar claro que muitos que buscam um lugar no mercado nesse setor têm muito a aprender. Há alguns meses, escrevi aqui para esta coluna um artigo que falava sobre o “Pará, o nosso e o da fantasia global”. Parece que cutucaram a velha ferida que ainda nos incomoda, mas que nos dá vontade de continuar em frente, nos enche de orgulho e esperança de que dias melhores virão. Edvaldo Leite - Relações Públicas