Código Civil passará a reconhecer como uma entidade familiar a união estável entre homossexuais
Da Agência Brasil
A Comissão de Direitos Humanos do Senado deu nesta quinta-feira o
primeiro passo para adequar ao Código Civil o reconhecimento legal da
união estável entre pessoas do mesmo sexo. De autoria da senadora Marta
Suplicy (PT-SP), o PLS 612/2011, aprovado nesta quinta-feira, reconhece
como entidade familiar “a união estável entre duas pessoas, configurada
na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o
objetivo de constituição de família”. Para ser encaminhado à Câmara, o
projeto terá que ser aprovado, em caráter terminativo, na CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça).Decisões já tomadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e outros de órgãos do Estado como o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e a Receita Federal estão incluídas no projeto como exemplos a serem incluídos no Código Civil. O projeto da senadora, por exemplo, estabelece que a união estável poderá converter-se em casamento, mediante requerimento formulado pelos companheiros.
Para tanto, o casal de homens ou mulheres terão apenas que declarar não ter qualquer impedimento para casar e indicar o regime de bens que passam a adotar. Marta Suplicy inclui ainda que os casais estarão dispensados de qualquer celebração oficial. Em sua justificativa, Marta Suplicy reconhece que o Estado tem adotado a postura, ao longo dos anos, de "ceder à força irresistível das transformações por que passa a sociedade, vindo reconhecer, mais e mais, o papel alcançado pelas uniões homoafetivas na dinâmica das relações sociais”. Ela ressalta que tanto o INSS quanto a Receita Federal já têm garantido aos parceiros de uniões estáveis os mesmos direitos reservados aos casais heterossexuais. A relatora Lídice da Mata (PSB-BA) destacou que a matéria em nenhum momento conflita com o casamento religioso, pois não fere o direito nem à liberdade de organização religiosa nem à crença de qualquer pessoa. "Como se costuma dizer, a liberdade de uma pessoa termina onde começa a de outra, e ninguém pode impor sua fé aos demais", frisou a senadora.