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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Índios temem confronto com os caminhoneiros


ALECY ALVES
Da Reportagem
Os índios mato-grossenses que protestam contra o funcionamento da Hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu, instalada no município de Altamira (PA), alertam para os riscos de confronto com caminhoneiros.
No município de Peixoto de Azevedo, localizado a 690 quilômetros ao norte de Cuiabá, há uma ameaça de bloqueio do acesso dos índios ao rio Xingu. A denúncia foi feita ontem, por telefone, pelo cacique caiapó Megaron Txcurramã, coordenador da Fundação Nacional do Índio em Colíder.
De acordo com Megaron, os caminhoneiros que estão parados em Peixoto de Azevedo na expectativa da reabertura da balsa sobre o rio Xingu, no município de São José do Xingu, dentro da aldeia Capoto-Jarina, planejariam represálias aos indígenas.
“Os motoristas querem impedir que índios e carros da FUNAI cheguem até o rio”, reclamou o cacique. Conforme Megaron, no local não há travessia, mas a área é de grande importância para os índios, porque leva aos locais de pesca e plantações de alimentos.
A ameaça dos caminhoneiros estaria sendo planejada por causa da necessidade de mudança de percurso em função do fechamento da balsa, há uma semana.
Desde que a travessia foi interditada pelos índios, a viagem para quem sai de municípios como Peixoto de Azevedo, no Estado, e Castelo dos Sonhos e Novo Progresso, ambos no Pará, para cidades dos estados de Tocantins e Maranhão, por exemplo, aumentam em mais de 600 quilômetros.
Megaron reafirmou a decisão de manter a balsa fechada. Os guerreiros caiapó e outros índios permanecem no bloqueio por tempo indeterminado.
No entendimento dos indígenas, assim que começar a atividade de Belo Monte o governo deve “tirar da gaveta” outros projetos de usina para o rio Xingu. “Tem uns dois ou três planos de barragens para o Xingu que podem inundar o Parque do Xingu e nossas aldeias”, analisou Megaron